Um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Gilson foi alvo de uma operação da Polícia Federal sob suspeita de tentar ajudar o tenente-coronel Mauro Cid a obter um aporte no consulado de Portugal, em Recife, para deixar o país. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro assinou um acordo de colaboração premiada.
Gilson, conhecido como ministro sanfoneiro de Bolsonaro, ou o dia detido no presídio Cotel, em Abreu e Lima (PE), e teve a prisão revogada nesta noite pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em depoimento à PF, ele disse que tentou tirar o aporte para o próprio pai.
"Estou à disposição da Justiça para esclarecer esse mal-entendido. Importante dizer que o mesmo juiz que mandou prender, mandou soltar. Agradeço a Deus por ter iluminado a Justiça brasileira", disse Gilson Machado por telefone à CNN, quando estava a caminho de casa. "Fui muito bem tratado e respeitado pela PF. Sou um cidadão correto, nunca fui preso antes", completou.
A decisão de Moraes substitui a prisão preventiva por outras medidas cautelares, como a apresentação quinzenal à Justiça, o cancelamento do aporte e a proibição do contato com outros investigados.
O relator afirmou que, com as diligências já realizadas pela PF (como a apreensão de celulares, já encaminhados à perícia, e a oitiva do próprio ex-ministro), não há mais necessidade de manter a preventiva.
Na audiência de custódia, a mesma sugestão havia sido feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que defendeu a substituição da prisão por "medidas menos gravosas".
Na decisão, o ministro do STF diz que a preventiva foi uma medida cautelar "extrema", cuja eficácia já se demonstrou suficiente para este primeiro momento da investigação.
Moraes ponderou, entretanto, que "existem indícios suficientes" de que Machado teria auxiliado o tenente-coronel Mauro Cid "com a finalidade de se furtar da aplicação da lei penal".
Isso porque a ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado está próxima de ser encerrada, com julgamento previsto para os próximos meses e uma forte tendência à condenação dos réus -- entre eles, Cid.
Caso o ex-ministro descumpra alguma das medidas cautelares alternativas, ele poderá ter a prisão preventiva novamente decretada, segundo alerta Moraes na decisão.